quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A 1ª REPÚBLICA E UMA HISTÓRIA DO PADRE NABO

Retrato do Padre António Russo

“ […] Quando foi assassinado Sidónio Pais (14/12/1918), os músicos juntaram-se para festejar e foram tocar pelas ruas. Quando se encontravam na Praça, o Padre António Augusto Russo[1]  (padre Nabo de alcunho) atirou um tiro de pistola para o meio e acertou no bombo, furando-o. Vem de lá o Alfredo Ramos, com o seu contrabaixo, e arruma com ele na cabeça do padre deitando-lhe uma sobrancelha abaixo. O padre acusou o Alfredo e este, como castigo, foi para à tropa. Andou comigo (Delfim Fonseca) na tropa e levava-lhe eu oito anos! O Padre Russo contratou o Emílio Meda, residente em Sebadelhe, para matar o Alfredo. Este, quando ia dar de comer a uma burra, levou uma paulada do Emílio Meda ficando quase à morte. O Joaquim Barbeiro (que fazia as vezes de médico) tratou o Alfredo que lá se safou desta.

O Emílio Meda acabou por ser morto numa festa em Cedovim por uma malta da Touça”


In: “Banda Musical de Freixo de Numão (1865-1985) – 120 anos ao serviço da cultura” de António Sá Coixão e António Trabulo.


Bandeira do período sidonista - 1918 e moca do Padre "Nabo" (coleção do MCG)


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[1] O Padre António Augusto Russo (de alcunha o Padre Nabo) foi assassinado, tendo sido vítima das lutas da Traulitada. Foi Monárquico, conservador, “mau como a fome”, mas morreu pela sua causa. No seu registo de óbito, o padre faleceu às 22h do dia 9 de Abril de 1919, na freguesia de Freixo de Numão, não se mencionando a causa da morte. Neste registo apenas figura que se trata de um indivíduo do sexo masculino, de nome António Augusto Russo, de 60 anos de idade, de profissão padre, natural de Freixo de Nunão, domiciliado na mesma freguesia, filho legitimo de António Cândido Russo e de Maria dos Anjos Cavaco.



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